Você sabia que o chá que toma para “acalmar” pode anular seu anticoagulante?
Ou que a erva “natural para emagrecer” pode causar sangramento excessivo se combinada com aspirina?
Infelizmente, “natural não significa seguro” — especialmente quando misturado com medicamentos.
Neste artigo, pesquisamos e lhes apresentamos 7 plantas medicinais comuns no Brasil que têm interações graves com remédios, com base em evidências científicas e alertas da Anvisa, INCA e Fiocruz.
⚠️ Importante: Este conteúdo não substitui orientação médica. Sempre informe seu médico sobre todos os chás, suplementos ou ervas que você consome.
Por que as interações entre plantas e remédios são tão perigosas?
Muitas plantas contêm compostos bioativos potentes que podem:
- Aumentar ou reduzir o efeito de medicamentos
- Sobrecarregar o fígado (órgão que metaboliza remédios)
- Causar efeitos colaterais graves (como sangramento, arritmia, sonolência extrema)
E o pior: muitas pessoas não contam ao médico que tomam chás “porque é natural”.
📊 Dado preocupante: Estima-se que 1 em cada 3 pacientes em tratamento crônico use plantas medicinais sem orientação (Fonte: Revista Brasileira de Farmacognosia).
As 7 plantas medicinais com interações mais graves
🌿1. Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum)
A Erva-de-São-João mais conhecida (Hypericum perforatum) tem nomes populares como Hipérico, Hipericão, Mil-furada e Ibitipoca.
Muito usada para “levantar o astral”, a erva-de-são-joão pode parecer inofensiva — mas é uma das plantas com maior risco de interação.
Ela acelera o metabolismo de vários medicamentos no fígado, fazendo com que remédios como anticoncepcionais e antidepressivos simplesmente “não funcionem”.
Pior: combinada com ISRS, pode causar a síndrome serotoninérgica, uma emergência médica. Se você toma qualquer remédio psiquiátrico ou hormonal, evite totalmente — a menos que um médico autorize.
É uma planta medicinal amplamente usada na fitoterapia, conhecida principalmente por suas propriedades antidepressivas e ansiolíticas (contra ansiedade).
Usada para: ansiedade, depressão leve
Interação perigosa com:
- Antidepressivos (risco de síndrome serotoninérgica: agitação, febre, taquicardia)
- Anticoncepcionais (reduz eficácia → gravidez indesejada)
- Anticoagulantes (aumenta risco de sangramento)
✅ O que fazer: Nunca combine com esses medicamentos. Se usar, avise seu médico.
🍃2. Ginkgo biloba
O nome popular mais comum para Ginkgo biloba é Árvore-avenca, devido ao formato de leque de suas folhas que lembra a samambaia avenca, mas também é conhecida como Nogueira-do-Japão e, simplesmente, Ginkgo, sendo considerada um “fóssil vivo” pela sua antiguidade.
O ginkgo é celebrado pela memória e circulação, mas esconde um risco silencioso: ele afina o sangue. Isso se torna perigoso se você já toma varfarina, aspirina ou outros anticoagulantes.
O resultado pode ser sangramento nasal intenso, hematomas inexplicáveis ou, em casos graves, hemorragia interna. O risco é ainda maior antes de cirurgias.
Se você usa ginkgo, pare pelo menos 14 dias antes de qualquer procedimento e nunca combine com remédios para o coração sem orientação.
Usada para: memória, circulação
Interação perigosa com:
- Anticoagulantes (varfarina, aspirina) → risco de hemorragia
- Antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) → sangramento gastrointestinal
⚠️ Casos reais: Relatos de hemorragia cerebral após cirurgia em pacientes que tomavam ginkgo sem avisar a equipe médica.
🧄3. Alho (em cápsulas ou doses altas)
Alho na comida? Seguro e saudável. Alho em cápsulas concentradas? Pode ser perigoso. Suplementos de alho têm efeito anticoagulante potente — similar à aspirina.
Se você já toma remédios para pressão alta ou anticoagulantes, essa combinação pode levar a pressão muito baixa ou sangramento.
Muitos pacientes não contam ao médico que usam “só alho natural”, mas a dose faz toda a diferença. Evite cápsulas se estiver em tratamento crônico — e sempre avise sua equipe médica.
Usado para: colesterol, pressão alta
Interação perigosa com:
- Anticoagulantes → aumento do risco de sangramento
- Anti-hipertensivos → pressão muito baixa
✅ Seguro: o alho na comida do dia a dia é seguro. O risco está em suplementos concentrados.
🌱4. Gengibre (em grandes quantidades)
Gengibre fresco no suco ou chá? Ótimo. Mas em cápsulas ou em quantidades acima de 4 gramas por dia, ele passa a interferir com medicamentos.
Pode aumentar o risco de sangramento com anticoagulantes e causar hipoglicemia em quem toma insulina ou remédios para diabetes. Isso acontece porque o gengibre tem compostos ativos que afetam a coagulação e o açúcar no sangue.
Respeite a dose: até 1 colher de sopa ralada por dia é segura para a maioria. Mais que isso, consulte um profissional.
Usado para: enjoo, inflamação
Interação perigosa com:
- Anticoagulantes → efeito cumulativo de sangramento
- Medicamentos para diabetes → hipoglicemia
💡 Dose segura: até 4g por dia (cerca de 1 colher de sopa rasa ralada). Acima disso, risco aumenta.
🌼5. Valeriana
O nome popular mais comum para a planta valeriana é Erva-de-gato ou Erva-dos-gatos, devido ao efeito que tem nos felinos, mas também é conhecida como Baldriana, Erva-de-São-Jorge, Valeriana-selvagem ou Erva-de-amassar.
A valeriana é uma aliada suave contra a insônia, mas nunca deve ser misturada com sedativos. Seu efeito calmante se soma ao de remédios como diazepam, alprazolam ou mesmo ao álcool, podendo causar sonolência extrema, dificuldade para respirar ou até perda de consciência.
Muitos usam “só um chazinho” à noite sem saber que estão em tratamento com ansiolíticos.
Escolha: ou o remédio, ou a erva — nunca os dois juntos. E sempre informe seu médico sobre seu uso.
Usada para: insônia, ansiedade
Interação perigosa com:
- Benzodiazepínicos (diazepam, alprazolam) → sedação extrema, dificuldade para respirar
- Álcool → risco de depressão respiratória
🌙 Recomendação: evite se estiver em tratamento para ansiedade com medicamentos.
🌼6. Camomila (em excesso)
Calma, saborosa e aparentemente inofensiva — mas a camomila tem um segredo: contém cumarina, substância com leve ação anticoagulante.
Em 1–2 xícaras por dia, é segura. Mas em doses altas ou prolongadas, pode interferir com varfarina e aumentar o risco de sangramento. Isso é especialmente relevante para idosos em tratamento cardiovascular.
Não é motivo para evitar a camomila — só para usá-la com moderação e transparência com seu médico. Se toma anticoagulantes, limite-se a uma xícara diária.
Usada para: calma, cólicas
Interação perigosa com:
- Anticoagulantes (por conter cumarina) → aumento do INR
- Sedativos → sonolência excessiva
✅ Seguro: 1–2 xícaras por dia são seguras para a maioria. Risco só em doses altas ou prolongadas.
🍃7. Boldo
O boldo é tradicional para “dar um jeito na digestão”, mas seu uso contínuo é arriscado. Ele contém substâncias que podem sobrecarregar o fígado — e se você já toma remédios metabolizados por esse órgão (como paracetamol, certos antibióticos ou anticonvulsivantes), o risco de dano hepático aumenta muito.
Além disso, tem efeito anticoagulante leve. A Anvisa recomenda uso máximo de 7 dias seguidos. Nunca use boldo se tiver problemas no fígado ou estiver em tratamento prolongado com medicamentos.
Usado para: digestão, fígado
Interação perigosa com:
- Medicamentos hepatotóxicos (paracetamol em excesso, alguns antibióticos) → sobrecarga hepática
- Anticoagulantes → risco de sangramento
❗ Alerta da Anvisa: o boldo não é recomendado para uso contínuo devido a riscos hepáticos.
Tabela Rápida: Planta + Risco + O Que Fazer
| Planta | Medicamento de Risco | O Que Fazer |
|---|---|---|
| Erva-de-são-joão | Antidepressivos, anticoncepcional | Evitar totalmente ou usar só com médico |
| Ginkgo biloba | Varfarina, aspirina | Parar 2 semanas antes de cirurgias |
| Alho (cápsulas) | Anticoagulantes | Evitar suplementos; alho na comida = ok |
| Gengibre (alto teor) | Anticoagulantes, insulina | Limitar a 4g/dia |
| Valeriana | Benzodiazepínicos | Não combinar; escolha um ou outro |
| Camomila (excesso) | Varfarina | Máximo 2 xícaras/dia |
| Boldo | Paracetamol, antibióticos | Evitar uso prolongado |
3 perguntas que você DEVE fazer ao seu médico
- “Estou tomando [nome do chá]. Isso interfere com meus remédios?”
- “Posso usar essa erva antes de uma cirurgia?”
- “Existe uma planta segura para minha condição, sem risco de interação?”
🗣️ Dica: Leve uma lista escrita dos chás que você toma — muitos médicos não perguntam, mas precisam saber.
Conclusão: 7 Plantas Medicinais – Cuidar com consciência é o maior ato de amor-próprio
Usar plantas medicinais é um direito seu — mas com responsabilidade.
Nenhuma erva vale o risco de uma interação que pode levar à internação ou pior.
Informação salva vidas.
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🌿 Você merece bem-estar de verdade — não ilusões perigosas.
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(FAQ) – Perguntas Frequentes sobre 7 Plantas Medicinais
1 – Posso tomar chá de camomila se tomo varfarina?
Em pequenas quantidades (1 xícara por dia), geralmente sim — mas é essencial monitorar seu INR regularmente. A camomila contém cumarina, que pode potencializar o efeito do anticoagulante. Nunca aumente a dose sem avisar seu cardiologista.
2 – O alho da comida interfere com meus remédios?
Não. O alho usado como tempero (1–2 dentes por dia) é seguro. O risco está em cápsulas, extratos ou doses altas (mais de 3–4 dentes diários). Se você toma anticoagulantes ou remédios para pressão, evite suplementos de alho — mas continue temperando sua comida com tranquilidade.
3 – Preciso parar de tomar chás antes de uma cirurgia?
Sim, com pelo menos 2 semanas de antecedência. Chás como ginkgo, gengibre, alho, erva-de-são-joão e até camomila em excesso podem aumentar o risco de sangramento durante e após a cirurgia. Avise sua equipe médica sobre TODOS os chás, vitaminas ou suplementos que você usa — mesmo os “naturais”.
4 – Meu médico nunca perguntou sobre chás. Devo contar mesmo assim?
Sim, absolutamente. Muitos profissionais não perguntam por pressa ou por acharem que o paciente não usa. Mas você é a peça mais importante nessa conversa. Leve uma lista escrita dos chás que toma, com frequência e dose. Isso pode evitar uma emergência.
5 – Existe algum chá 100% seguro para quem toma remédios?
Não existe “zero risco”, mas alguns são mais seguros em doses moderadas:
- Hortelã-pimenta (para digestão)
- Capim-limão (para relaxamento)
- Erva-cidreira (em 1–2 xícaras/dia)
Ainda assim, se você toma medicamentos crônicos, consulte um farmacêutico ou fitoterapeuta antes de introduzir qualquer nova erva.
6 – Onde encontro informações confiáveis sobre interações de plantas?
Prefira fontes oficiais e científicas:
- Anvisa (gov.br/anvisa)
- INCA (gov.br/inca)
- Fiocruz (fiocruz.br)
- Biblioteca do PubMed (pubmed.ncbi.nlm.nih.gov)
Evite sites que prometem “cura natural” ou vendem suplementos sem transparência — eles raramente mencionam riscos.
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21 Chás para o Dia a Dia”, onde ensino:
- Dosagens certas
- Contraindicações reais
- Receitas práticas sem riscos
📎 Fontes confiáveis
- Anvisa – Interações de plantas medicinais
- INCA – Plantas e câncer
- NIH – Herb-Drug Interactions
- Revista Brasileira de Farmacognosia
Sobre o Autor: Marcos Fonseca
Olá, eu sou Marcos Fonseca — Professor Licenciado de Química (20 anos), Professor de TI (30 anos), Pesquisador e Criador de Conteúdo Digital e apaixonado por Saúde com Equilíbrio.
Este blog nasceu de um compromisso pessoal: ajudar pessoas a viverem com mais qualidade, consciência e paz — e com muita humanidade. Cada artigo é fruto de estudos, escuta atenta e experiências reais e me ensinou que a saúde vai muito além do corpo.
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